quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Sofrer por amor: Porque é tão difícil aceitar que acabou?




Por: Glenda Almeida Pratti

Viver um relacionamento não é tarefa fácil. Conhecer e conviver com as diferenças pode ser uma tarefa árdua e até insuportável, tanto que alguns preferem dar um basta a ter que lidar com os problemas consequentes do relacionamento. Contudo, quando se chega a esse ponto, não é sempre que os parceiros chegam ao consenso de que “o fim” é a melhor alternativa.

Inúmero são os motivos que podem fazer com que uma pessoa não aceite o fim de um relacionamento: há casos onde o ex-parceiro só consegue passar a investir na relação quando está prestes a perder o companheiro, daí a dificuldade em aceitar o fim; há outros em que a questão maior é a dificuldade de lidar com a interpretação de que o “não” do parceiro significa rejeição; em casos extremos não se aceita “o fim” por nutrir uma relação de posse ou dominação sobre o outro. O que esses casos têm em comum é a presença da dificuldade de lidar com a frustração.

É importante frisar que em geral, a raiz do problema se concentra nas questões pessoais do indivíduo que não aceita o término, porém, não podemos ignorar que para ser um relacionamento é necessária também a participação de uma outra pessoa. Isto é, os relacionamentos são construções entre indivíduos. Um relacionamento problemático ou corrosivo não se constrói sozinho, para se constituir como tal, é necessária a implicação das duas partes.

Aceitar um término é difícil por envolver sentimentos, crenças, valores e expectativas, porém isso não impede que alguns limites sejam preservados no que se refere ao próprio bem estar psicológico individual dos parceiros. A perda do respeito mútuo pode ser considerada um dos principais indicadores de que as coisas não estão bem. Essa perda de limite pode se revelar de várias formas, desde a invasão de privacidade até a presença de agressões verbais e físicas.

Respeitar a decisão do parceiro ou parceira não é uma opção, mas sim uma necessidade do relacionamento. Ninguém precisa aceitar nem concordar com as decisões e pensamentos das outras pessoas, mas precisa saber respeitá-las.

Um relacionamento saudável pode ter problemas desde que não falte diálogo. A ausência de diálogo é um indicador de que as coisas não estão bem e ainda podem ficar piores. O diálogo é o fundamento para qualquer relacionamento. Quando não há diálogo não dá para saber quais são os projetos ou expectativas; o que faz feliz ou triste; o que incomoda ou satisfaz; o que agrada ou traz desgosto; o que perturba ou tranquiliza; o que faz rir ou chorar; o que traz luz ou escuridão. Nesse monte de interrogações, como é possível se relacionar?

Só há um jeito de se ter acesso aos pensamentos e sentimentos de uma pessoa: através do diálogo. Se o outro não fala, ou se fala e você não escuta; não há troca, não há compartilhamento, consequentemente, não dá para saber como se colocar na relação, e finalmente, não há relacionamento, mas sim, um compartilhamento de espaço.